"Quer você acredite que pode ou que não pode, geralmente você está certo".

(Henry Ford)


____________________ TEA (Transtorno Espectro Autista)






domingo, 27 de agosto de 2017

'Atypical': série da Netflix retrata o autismo com delicadeza e humor



PATRÍCIA KOGUT

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Françoise Dolto, uma pioneira da psicanálise infantil na França, escreveu muito sobre a chegada do adolescente à vida adulta. Para ela, a sociedade americana é pródiga em promover essa emancipação, incentivando desde cedo a independência dos filhos. Quem tiver lido Dolto certamente se lembrará dela ao assistir a “Atypical”, série recém-lançada pela Netflix e estrelada por um personagem que está dentro do espectro autista.
Nesta comédia — com drama em doses muito bem temperadas —, acompanhamos Sam Garner (Kier Gilchrist). Só esse diagnóstico (“dentro do espectro”), em si carregado de inexatidão, já propõe um desafio ao público. Por isso, a cada episódio (são oito, de meia hora), vamos descobrindo algo sobre o protagonista. Ele adora pinguins e a Antártida; ingênuo e literal, tem dificuldade em calibrar as palavras; é ótimo aluno; gosta de ser tocado, mas só com força; trabalha com vendas numa loja de equipamentos eletrônicos; adora regras, não curte barulho; odeia encostar no banco do ônibus: sente aflição. É encantador.
Acima de tudo isso, aos 18 anos, Sam está mobilizado com a ideia de arrumar uma namorada. Como não tem filtros ao descrever os desejos íntimos, sua sinceridade produz situações divertidas e também amargas. A tal garota aparece, mas nada é tão simples como ele imaginava. “Atypical” retrata a circunstância familiar do menino e todas as figuras têm uma trama própria importante. A irmã caçula, Casey (Brigette Lundy-Paine), cuida dele; a mãe, Elsa (Jannifer Jason), o superprotege, e o pai, Doug (Michael Rapaport), é doce e amoroso, mas muitas vezes não sabe como se comportar diante das necessidades do filho. No geral, Sam está cercado de pessoas que o amam. Por trás disso tudo, há ainda toda uma maré favorável na maneira como seu ambiente pensa a transição da dependência da família para uma vida de autonomia. É como bem escreveu Dolto. Tudo conspira para que o garoto venha a ter as rédeas da própria vida. Isso faz pensar. “Atypical” é muito comovente e merece toda a sua atenção.
FONTE: O GLOBO


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