"Quer você acredite que pode ou que não pode, geralmente você está certo".

(Henry Ford)


____________________ TEA (Transtorno Espectro Autista)






sábado, 25 de abril de 2015

Lei que garante amparo a pessoas com autismo será promulgada nesta segunda-feira


Proposta prevê tratamento individualizado e multidisciplinar para crianças e adultos que convivem com a síndrome, além do acesso gratuito a medicamentos

Publicado em 25/04/2015, às 07h30


A lei que protege a pessoa com transtorno do espectro autista, aprovada no início do mês, será promulgada na segunda-feira (27), na Assembleia Legislativa de Pernambuco. O texto, de autoria da mesa diretora da Casa, prevê o tratamento individualizado e multidisciplinar para crianças e adultos que convivem com a síndrome, além do acesso gratuito a medicamentos.
A proposta é considerada um avanço no amparo à pessoa com autismo. O acompanhamento especializado engloba atendimento médico, de psicólogos, fisioterapeutas fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais. Além disso, a lei prevê a inclusão dos estudantes com o transtorno nas classes comuns de ensino público e privado.

Atualmente, os pais de crianças com autismo consideram o tratamento voltado à síndrome muito precário na rede pública de saúde. “Para conseguirmos um diagnótisco, já é uma grande luta. Precisamos de um conjunto de profissionais especializados que trabalhem unidos para garantir o desenvolvimento da criança”, explicou o teólogo Otacílio da Silva Filho, 35, pai de João Miguel.


Otacílio contou que precisou se mudar do município de Cupira, no Agreste pernambucano, para encontrar, no Recife, um atendimento adequado para o filho. “Muitos ainda consideram o autismo uma doença, mas não é. A criança com autismo é muito inteligente e determinada, eles só interpretam as coisas e se expressam de uma maneira diferente da considerada comum”, afirmou.
A dona de casa Karla Dircksen Dutra, 36, mãe de Caio, 5, revelou se sentir receosa quanto à aplicação da nova lei. “É uma notícia maravilhosa, só de podermos discutir sobre o assunto, de dar voz a pessoas com autismo, é um grande marco. Mas muito ainda precisa ser feito”, disse.

Para alguns profissionais de saúde, cabe ao governo instituir, em todo o Estado, uma política específica para o tratamento de pessoas que convivem com o transtorno. “Há pouquíssimos especialistas no transtorno do espectro autista em Pernambuco. Não há sequer um estudo sobre a quantidade de pessoas com autismo no Estado. Nem mesmo a rede pública de saúde da capital pernambucana possui profissionais habilitados para o atendimento apropriado”, informou a psicóloga Roberta Monteiro, que atende na Clínica Somar, na Torre, Zona Oeste do Recife. 
Segundo a psicóloga, o acompanhamento especializado pode garantir qualidade de vida de e um maior grau de independência à pessoa com autismo. “É fundamental para a saúde e a vida de quem convive com a síndrome”, declarou. 



terça-feira, 21 de abril de 2015

Mion emociona ao falar sobre o filho autista: "Sou guardião de um anjo"


Neste sábado (18), todo o elenco do Legendários se vestiu de azul. Até o Hulk Magrelo mudou de cor porque azul é a cor do Mês da Conscientização sobre o Autismo. Marcos Mion divulgou a campanha e falou sobre sua experiência pessoal. Pai de Romeo, ele se diz "guardião de um anjo". As palavras de Mion comoveram o apresentador Gilberto Barros, que fez questão de apoiar o colega. Veja!

Assista o vídeo em: r7

sábado, 11 de abril de 2015

Atividade neuronal maior faz crianças autistas falarem mais, sugere estudo

10/04/2015 09h17

Atividade neuronal é quase inexistente em bebês que depois não falarão. Estudo foi publicado na revista científica 'Cell'.


Algumas crianças autistas desenvolvem mais a capacidade de linguagem do que outros já que, desde que são bebês, apresentam uma maior atividade neuronal em áreas do cérebro responsáveis pela função, segundo estudo publicado na revista científica "Cell".
Segundo um dos autores da pesquisa, Eric Courchesne, diretor do Centro de Autismo da Universidade da Califórnia, em San Diego (EUA), o autismo pode gerar consequências clínicas muito diferentes em crianças pequenas, já que algumas delas têm uma capacidade de linguagem desenvolvida e outras não falam.
Em bebês com autismo que desenvolvem boa habilidade para falar, a atividade neuronal nas áreas do cérebro responsáveis pela linguagem é similar a de crianças sem a doença. No entanto, a atividade neuronal nessas áreas é quase inexistente em bebês que depois não falarão ou terão pouca capacidade de linguagem.
"Descobrir as bases neuronais mais cedo para as diferentes trajetórias de desenvolvimento abre novas vias para encontrar causas e tratamentos específicos para esses dois diferentes tipos de autismo", disse Courchesne.
Contos infantis fizeram parte da investigação
Para realizar o estudo, os pesquisadores analisaram 60 crianças e bebês com autismo e 43 sem a doença, e usaram imagens de ressonância magnética funcional (IRMf), que permite mostrar as regiões cerebrais que executam uma tarefa determinada.
Concretamente, para esta pesquisa os cientistas utilizaram um método próprio do Centro de Autismo da Universidade da Califórnia que grava a atividade cerebral enquanto os pacientes escutam contos infantis.
A capacidade de linguagem na infância demonstrou estar precedida por padrões normais de atividade neuronal nas regiões do cérebro envolvidas na linguagem, incluída a face superior do lóbulo temporal.
Por outro lado, as crianças autistas com pouca capacidade de linguagem mostraram muito pouca atividade na face superior do lóbulo temporal desde que eram bebês.
"Nosso estudo é importante porque é um dos primeiros em grande escala a identificar antecipadamente precursores neuronais que ajudam a explicar a heterogeneidade no desenvolvimento da linguagem dos bebês e crianças com autismo", afirmou Michael Lombardo, da Universidade do Chipre, que também participou do estudo.
Prevenção do desenvolvimento da linguagem
Os pesquisadores determinaram, além disso, que quando são combinados com testes de comportamento, as diferenças neuronais poderiam ajudar a prever o desenvolvimento da linguagem na infância.
A efetividade da previsão dessa combinação foi de 80%, comparado com 68% de cada uma individualmente. "Uma das primeiras coisas que os pais de um bebê com autismo quer saber é o que esperar do futuro de seu filho", disse a coautora do artigo e diretora do centro, Karen Piercer. "Estes descobertas abrem uma via rumo a novos passos para diferentes tratamentos", acrescentou Piercer.
Os cientistas investigarão agora mais a fundo "os substratos neuronais funcionais adiantados que precedem à heterogeneidade social e linguística no autismo", explicou o estudo. Além disso, devem "testar a ideia de que a ativação ou a ausência desta no lóbulo temporal prediz a resposta ao tratamento em bebês com autismo", concluiu o estudo.
Fonte: Bem Estar

sábado, 4 de abril de 2015

Dia do Autismo: uma vida de dedicação para lapidar joias raras

02/04

Fotos: Wilson Filho/Cidade Verde

Jucyara trocou de profissão após o diagnóstico do filho Gusthavo: "cada evolução é uma conquista"
Por Rayldo Pereira
rayldopereira@cidadeverde.com
"Meu filho é meu sonho, minha joia rara", é comum ouvir frases como essa de uma mãe amorosa. Mas e se você descobrisse que seu filho é autista, como reagiria? É com esta consciência de que um filho é, de fato, uma joia rara que Jucyara Ibiapina, de 31 anos, fala de seu filho, Gusthavo Ibiapina, de apenas 10 anos, que tem o diagnóstico de autismo clássico. "Não foi fácil, foi doloroso, mas cada evolução é uma conquista", comemora a mãe que já vê no filho imagens de um futuro que, quando recebeu o diagnóstico, não via.
Descoberta
Jucyara começou a perceber que o filho tinha autismo logo que ele completou dois anos. Segundo ela, o primeiro foi diagnóstico era de que ele estava inserido no chamado "espectro autístico", que engloba uma série de características dos autistas. No início o tratamento aconteceu com a intervenção de medicamentos e em seguida as terapias. Somente aos seis anos uma neurologista concluiu o diagnóstico, Gusthavo realmente se enquadrava como autista clássico. 
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Características que podem ajudar os pais a identificarem o autismo

Falta de interação social:
a criança age como se não estivesse
vendo ou ouvindo os familiares

Dificuldade de comunicação

Comportamento repetitivo e esteriotipado: a criança faz, por exemplo, movimentos repetitivos com o corpo ou com membros.

Apego exagerado a um objeto em detrimento a outros como sacolas, galhos, canudos, etc.
 
"Ele não olhava no rosto da gente, se espantava e tinha um gesto repetitivo com a mão. Ele desenvolveu o sentar, o engatinhar normalmente e quando passou para fala chegou até a balbuciar mais ou menos, mas ao completar dois anos parou de falar. Só apontava, chorava muito, ficava muito nervoso, irritado, falávamos com ele e ele não olhava. Chegamos a fazer exames de audimetria para saber se ele tinha problema de surdez já que ele não identificava sons e a percepção dessas características nos levaram a um rápido diagnóstico", explicou a mãe.
Dor e superação
Jucyara relata que os anos até o diagnóstico foram dolorosos e que as imagens mentais que criava para o futuro do seu filho eram desanimadoras. Porém, junto a isso, a alegria e a superação de acompanhar a evolução do filho a deram força para continuar.
"Eu sentia impotência pois imaginava que o erro estava comigo por ele ter essa patologia. Tive depressão e um período de tristeza muito grande. Quem me ajudava muito era minha mãe. Ela nunca ficou no mesmo patamar que eu de tristeza e me dava sustentação. A gente sente que a culpa é nossa, que há um erro nosso e a a gente que proporcionou isso ao filho. A primeira prospecção que a gente faz é que os filhos não vão ter nada que uma criança normal tem e quando a gente começa o tratamento que vê todos os progressos e a evolução que ele tem, a gente diz: 'poxa ele vai poder ter uma vida feliz e de qualidade'. Podemos dizer que as pessoas podem compreender ele, ele vai ter oportunidade de ser inserido na sociedade e vai poder ser participante dela. Não só atuante, ele vai ser participante daquela sociedade", comemorou Jucyara.
"A primeira prospecção que a gente faz é que os filhos não vão ter nada que uma criança normal tem e quando a gente começa o tratamento que vê todos os progressos e a evolução que ele tem, a gente diz: poxa ele vai poder ter uma vida feliz e de qualidade"
Jucyara, mãe do Gusthavo, de 10 anos de idade
Depois de superar as dificuldades em seu interior, começa o desafio externo, que é enfrentar as dificuldades de inclusão para a inserção de crianças com autismo em escolas de ensino regular. Instituições como a AMA (Associação de Amigos do Autista) em Teresina, chegam a ter uma fila de espera de 100 pessoas para novas vagas. Jucyara relata que a experiência de mudança de escola é traumática, mas que com a insistência e o interesse dos pais, é possível sim, inserir a criança autista na escola. Nesse ponto, Jucyara reforça a importância da AMA no aprendizado e desenvolvimento do filho, que é acompanhado pela instituição.
AMA
A associação atende hoje cerca de 120 famílias e é a única instituição que oferece atendimento especializado. Rosália Sousa Oliveira, diretora, explica que a baixa oferta de vagas se deve a necessidade de um acompanhamento individualizado e especial aos atendidos, e por conta disso há longas filas de espera. "Sabemos que nossa estrutura não é suficiente e principalmente a quantidade de profissionais que nós dispomos também não é, mas fazemos um tratamento profissional especializado e clínico e por isso esse atendimento não pode atingir grandes grupos", complementou.

Rosália dirige a AMA, entidade que hoje atende 120 famílias
A associação funciona em um prédio cedido pelo Governo do Estado, mas não recebe recursos públicos para manter seu funcionamento. Através de um convênio, profissionais do Governo são enviados para trabalhar na instituição. Foi o caso de Rosália, que por ter uma sobrinha com síndrome de Down e o marido com uma deficiência física, acredita ter escolhido o local para construir sua carreira profissional. Desde 2005 na associação, Rosália comemora as conquistas mas ressalta que muito é preciso evoluir ainda neste tipo de atendimento. Emocionada, a diretora se orgulha em defender a causa, que é lembrada em especial por todo o mundo neste dois de abril, dia internacional do autismo.
"Sinto-me muito feliz em poder estar colaborando e contribuindo de alguma forma com muitas famílias, adolescentes e adultos porque sei que todos só contam com a gente. Quando eles chegam aqui, a última porta que estão batendo é a porta da AMA", relatou a pedagoga.
Arte e atividades
Uma das atividades que mais chama a atenção dos pais e profissionais que trabalham na AMA é a ligada a arte. As crianças desenvolvem pinturas e trabalhos com massa de modelar, que podem ser vistos pelos visitantes na parede da sala de artes da instituição. Cores alegres e desenhos que expressam as emoções mais desconhecidas da mente autista, ganham forma através do traço. "Sem dúvidas este é um dos nossos principais trabalhos e nele é possível observar, assim como na música, grandes destaques destas crianças", pontuou a diretora.
Neste momento a entrevista é interrompida por Gusthavo, que brinca com a massinha de modelar e sorridente corre para me contar sua nova ideia: "quero construir um lindo zoológico para ficar no lugar onde já tem um. Nele terão vários bichos e até uma lanchonete e uma loja de presentes", conta o garoto, que interage e explica detalhadamente cada setor do seu novo zoológico. Momentos como esse, para a mãe Jucyara, justificam e fazem valer todas as dificuldades. "Ver meu filho que nem falava interagindo com outras pessoas e até cantando me dá mais noção da importância que a AMA tem na vida dele. Eles são sua segunda família", completa.
Caminhos a seguir
Jucyara acrescenta que o primeiro passo de uma mãe na luta pela evolução do filho é conhecer tudo que é oferecido e que está ao seu alcance para o tratamento. Para ela, a melhor maneira de começar a fazer isso, foi largando o curso de veterinária que fazia, para encarar a sala de aula de Educação Física, onde pretende se especializar em psicomotricidade para atender não só o filho, como outras crianças que sofrem com as mesmas limitações.
Foto: Arquivo Pessoal

Raul Pereira, estudante de Educação Física que pretende se especializar no atendimento a crianças com necessidades especiais
Assim como Jucyara, há em Teresina, outros exemplos de estudantes que desejam atender a esse público em especial. É o caso de Raul Pereira, de 23 anos. O jovem cursa o 6º período e Educação Física na Universidade Federal do Piauí, e garante que irá se especializar no atendimento a crianças com necessidades especiais. "Eu tive o exemplo dentro de casa, ao conviver durante toda a infância com meu melhor amigo, portador de uma síndrome, mas isso pouco importava para a nossa amizade. Trabalhar e tratar crianças com esse tipo de necessidade me leva além e me traz de volta a alegria e os sentimentos mais puros que pude conhecer e sentir", comentou o jovem.
"Trabalhar e tratar crianças com esse tipo de necessidade me leva além e me traz de volta a alegria e os sentimentos mais puros que pude conhecer e sentir"
Raul Pereira, estudante de Educação Física 
Para os profissionais que se interessam pela área, o reconhecimento vem rápido, a prova é que Raul já é estagiário de uma academia na zona Sudeste de Teresina, onde  os pais de alunos com necessidades especiais já aguardam ansiosos sua formação. "Os pais procuram e como ainda não sou formado, não posso atende-los, mas hoje tenho certeza que ao me formar, seguirei esse caminho", acrescentou o estudante.
Exemplos como o de Jucyara e Raul, que dedicam sua formação e projetos de vida aos autistas, por exemplo, motivam e alimentam ainda mais em Rosália, diretora da AMA, o sentimento de que a luta não terá fim e de que a cada dois de abril a memória se manterá viva. "Estamos aqui e precisamos ser lembrados. A cor azul dos monumentos não os torna apenas bonitos. Nos engrandece e desperta na sociedade a lembrança de que os autistas merecem seu espaço garantido na sociedade", concluiu.